terça-feira, 12 de agosto de 2014

A prescrição abusiva de medicamentos: riscos para nossos jovens.

Tenho uma grande preocupação e venho escrevendo bastante sobre problemas da infância no Brasil, a medicalização e outros assuntos pertinentes a este pedacinho da nossa população, negligenciado em muitos aspectos com relação à educação e ao seu próprio desenvolvimento como seres humanos íntegros e saudáveis física e mentalmente.
Foi com grande indignação e tristeza que li, em 10.08, o artigo publicado pela colega MARINALVA COMINI, psicóloga e insrutora, falando sobre o uso abusivo do medicamento RITALINA nas escolas. Vejam o texto a seguir:

Um estudo divulgado recentemente pela Anvisa com base em dados do Sistema Nacional de Gerenciamento de Produtos Controlados (SNGPC), alerta para um problema que deveria alarmar o país. Em três anos, o consumo de Ritalina, teve um aumento de 73,5% entre crianças e jovens de 6 a 16 anos. A substância é muito empregada no tratamento do Transtorno de Déficit de Atenção com ou sem Hiperatividade (TDAH), além de outros distúrbios comportamentais atribuídos a questões cognitivas. O que chama a atenção de quem procura este tipo de medicamento é o resultado imediato que ela produz. Ocorre que este tipo de medicamento está sendo prescrito com muita freqüência, principalmente para alunos do ensino infantil e fundamental. Fica sugestivo pensar e notar a não preocupação dos riscos colaterais que este tipo de medicamento causa com o uso frequente, tais como insônia, alteração do estado de consciência e até depressão...”

Sinto muito ser franca e direta, mas este é o tipo de situação que machuca, corrompe, causa indignação. Pergunto: que tipo de profissional é esse que prescreve tal crueldade para ocorrer dentro do ambiente escolar? Onde estão os profissionais psicólogos destas instituições de ensino, onde tal crueldade acontece? Como podem permitir tal absurdo? Falando primeiro do absurdo que é um profissional da área da saúde ser autor ou co-autor neste tipo de procedimento, precisamos urgentemente passar para a página dois, onde é primordial a discussão sobre o que fazer para reverter este quadro. É preciso falar de uma série de problemas na educação, que atingem o total despreparo dos profissionais para lidar com as questões de estrutura e desenvolvimento destas crianças e adolescentes. E neste campo, chegaremos a patamares bem mais profundos, ligados à precária formação de nossos profissionais, em qualquer área. É preciso pesquisar e chegar a uma conclusão mais precisa da causa de algumas dificuldades de aprendizado e, assim, utilizar outros métodos mais humanos para alcançar a solução do problema. O tempo dispensado será maior, dará mais “trabalho” e deverá ter a participação ativa das famílias, além da participação de profissionais verdadeiramente comprometidos com o bem-estar destes jovens e que compreendam seus processos.


Nada mais justo e ainda é pouco, para aqueles mais prejudicados em conseqüência da ignorância e incapacidade dos adultos.